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Nota: O título dessa semana vem de um conto à clef escrito por Angel Bustelo, autor e ativista argentino, sobre o escritor Antonio Di Benedetto na prisão. Em tradução livre, “o silenciador cativo". Faz referência a um romance escrito por Di Benedetto. Silenciador é um neologismo e denomina aquele que cuida para que se faça silêncio - no romance, é um aspirante a escritor que luta contra o ruído constante do mundo que o cerca, para conseguir escrever sua obra.
intro.
A las vitimas de la espera.
Dedicatória na página de abertura do livro Zama, de Antonio Di Benedetto, 1956
Mendoza, na Argentina, fica aos pés da Cordilheira dos Andes. A 1050 Km de Buenos Aires, para ser exato. Localizada no extremo oeste do país, insere-se em um dos pólos da relação turbulenta da capital com o interior da Argentina, parte de uma das muitas dicotomias que definem o país platino. Com vida cultural própria, Mendoza sempre se colocou como um centro cultural autônomo e orgulhoso, a despeito do preconceito dos porteños em relação às províncias, um dos grandes pontos de clivagem no país sul-americano.
“Sou argentino, mas não nasci em Buenos Aires", era o aforismo que Antonio Di Benedetto gostava de usar. Dividia-se entre o jornalismo e sua escrita pessoal, lançando regularmente contos e narrativas longas. Mesmo com algum reconhecimento nos círculos literários, resistia a se mudar para Buenos Aires. Preferia ficar em Mendoza, cidade onde sempre vivera. Por anos, seguiu sua rotina de jornalista em um diário de província, longe dos holofotes reservados a grandes escritores argentinos, num país que preza muito a literatura.
Foi por muito tempo editor do jornal Los Andes, um diário tradicional mendocino fundado quase 100 anos antes. Em 24 de março de 1976, chegou à redação no horário de sempre, como se fosse um dia como qualquer outro.
“Estão me procurando”, comentou com o colega Rafael Morán “e bem se vê que estão mal-informados, porque foram até a casa da minha irmã e faz 20 anos que não moro mais lá".
Quando o encontraram - no lugar mais óbvio possível, a escrivaninha de onde orientava o trabalho dos jornalistas do diário - Di Benedetto pediu educadamente aos policiais à paisana que saíssem do prédio pela rua de trás, por conta da multidão que se aglomerava na Calle San Martín, em frente ao jornal, à espera de notícias sobre o golpe militar ocorrido na madrugada daquela quarta-feira.
Foi levado ao Liceo Militar General Espejo, junto com o chefe de redação do jornal e outros jornalistas, onde foi fichado por burocratas militares.
Iniciava-se uma longa espera para Di Benedetto.
1.
Antonio Di Benedetto escreveu Zama em 1956. Sua primeira novela.
Don Diego de Zama aparece para o leitor, pela primeira vez, à beira do rio de onde espera vir o barco que possa trazer a notícia que tanto espera: sua remoção do posto que ocupa na burocracia colonial espanhola em Assunção, em 1790. Anseia pelo momento em que possa retornar a Buenos Aires, onde sua esposa segue com a vida, enquanto o marido tenta subir os degraus da intrincada hierarquia do vice-reino do Prata.
A cena de abertura do livro é emblemática: Zama observa o cadáver de um mico sendo arrastado pela correnteza do rio; mas que está, ao mesmo tempo, preso nos galhos do mangue e nas colunas de madeira do cais. O rio Paraguay segue seu curso e deságua no Paraná, que vai desaguar, por sua vez, no Rio da Prata. Zama pressente o mau agouro representado pelo cadáver do animal.
Zama é um criollo - nascido na América, é uma raridade na estrutura burocrática imperial espanhola, que enxergava os criollos com suspeita e reservava os altos cargos para espanhóis por nascimento. A desconfiança tem a ver com o receio de que um eventual movimento de independência surgisse das camadas "educadas” das colônias. Errados não estavam, como depois se provou.
Assunção era, no final do século XVIII, quando se passa a história, apenas sombra do que havia sido no começo da colonização espanhola. Suplantada por Buenos Aires e outras cidades que adquiriram importância crescente, a cidade era tão distante dos centros decisórios do vice-reino quanto Mendoza fosse, talvez, no século XX em relação à capital. Zama espera poder reunir-se com sua esposa, espanhola por nascimento e herdeira de uma família rica de Buenos Aires ( ó aí entrando na sala o “embranquecimento” da descendência, esse traço tão comum da América Latina), ao mesmo tempo em que evita misturar-se com nativos e outros criollos - como se ele, Zama, fosse parte de uma elite e estivesse destinado a propósitos mais elevados do que as pessoas com quem convivia cotidianamente.
Dei spoiler? Deixei o livro mais óbvio por isso? Não sei, mas Di Benedetto sintetiza, em pouco menos de 200 páginas, uma das grandes contradições da América Latina: um continente reinventado com a colonização européia, mas que jamais alcança o ideal civilizatório que acredita ser seu destino manifesto. Não importa o quanto se massacre as populações originais, ou o quanto se estabeleça uma sociedade hierárquica em que novos níveis subalternos são adicionados, como a introdução de mão-de-obra escravizada trazida de outro continente; ou, ainda, o quanto se instaure regimes autoritários para combater “subversões". Os artífices dessa opressão na América Latina podem demonstrar força - mas continuarão criollos.
E os donos do poder sempre serão outros.
2.
Seis meses entre o Liceo Militar e a penitenciária local. E nenhuma palavra sobre o motivo da detenção.
Di Benedetto calou-se durante todo esse tempo. Não era "torturado oficialmente": levava tapas e empurrões dos carcereiros, era queimado com cigarros na passagem entre um e outro ponto da prisão, mas havia outros que eram separados para receber, metodicamente, o tratamento selvagem que se tornara usual nos porões da ditadura recém-instalada. Di Benedetto os ajudava quando retornavam às celas. E esperava.
Estava preso com líderes sindicais, outros jornalistas, políticos locais; todos estavam ali sem acusação formal. Mas deles intuía-se que o motivo era a atuação política, enquanto Di Benedetto jamais fora filiado a qualquer partido, nunca militou em qualquer organização ou sequer participava de discussões políticas publicamente. Em sua carreira jornalística, tratava de todo tipo de assunto - durante anos, escreveu sobre cultura e cinema. Havia ido aos grandes festivais e estava no Santa Monica Civic Auditorium para a 38ª Cerimônia do Oscar, em 1966. Escrevia sobre literatura na seção de cultura dos jornais mendocinos, comandava reportagens de assuntos locais, passou depois a editor e administrava a redação. Ao mesmo tempo, dedicava-se à sua obra pessoal.
Escreveu Zama em 1956, durante férias que tirou do Los Andes. Em ritmo acelerado, completou o primeiro rascunho em tempo recorde e passou a editar e revisar a obra durante os horários de almoço ou após o final do expediente, na sua mesa na redação. O sucesso modesto do livro levou à publicação de outras obras e manteve-o em contato com editoras, autores e revistas literárias, ao mesmo tempo em que resistia a mudar-se para Buenos Aires, onde diziam que a cena literária o permitiria viver somente de sua produção artística.
Depois que foi posto à disposição do Poder Executivo Federal, meses depois de ter sido preso, começaram a circular boatos de que seria enviado a Buenos Aires com os outros detidos. No pátio da penitenciária, os presos políticos se reuniam em torno do Los Andes diariamente, e um deles lia em voz alta as principais notícias - nunca apareceu qualquer notícia sobre a prisão de Di Benedetto. Na verdade, ele também não reconhecia mais o próprio jornal onde trabalhava - as notícias pareciam todas milimetricamente pensadas para divulgar apenas o que interessasse à Junta Militar. Era como se ele nunca tivesse posto os pés na publicação, que havia dirigido por anos.
Em setembro de 1976 foi levado de avião, junto com outros detidos de Mendoza, para a unidade 9 de La Plata - centro penitenciário conhecido como “Los Pabellones de la Muerte ”, por ser o último local onde se tivera notícias de muitos desaparecidos pelo regime militar. Lá, Di Benedetto foi torturado - algo que não havia acontecido de forma “oficial” em Mendoza, e submetido a pelo menos 4 'falsas execuções’ por pelotões de fuzilamento. Ironicamente, essa tortura psicológica havia sido infligida, mais de um século antes, ao escritor russo Dostoievski - a quem muitos críticos comparavam a escrita de Di Benedetto, principalmente em Zama.
Di Benedetto talvez não tenha desaparecido definitivamente nas entranhas da máquina da morte militar argentina por conta de ser muito conhecido. Era outra ironia: após anos vivendo discretamente em Mendoza, propositalmente longe da capital e das rodas literárias, a notícia de sua prisão correu rapidamente e seu nome estava na lista de 11 intelectuais presos pelo Estado autoritário, que Borges e Sábato entregaram no infame almoço em que o ditador Videla os recebeu, poucos meses após o golpe. Esse pedido velado de clemência dos dois escritores conservadores pode ter sido fundamental para que Di Benedetto fosse libertado, em agosto de 1977.
3.
Soube a Europa e soube a América: em um cárcere do fascismo criollo do cone sul, sem acusação conhecida, sem juiz que o escute, jazia, penitente, um escritor famoso, jornalista ainda por cima, em uma caverna reservada para o castigo, vestido com trapos, com fome e com frio.
Trecho de El Silenciero Cautivo, de Angel Bustelo, 1988
O escritor famoso que Bustelo cita, Di Benedetto, não imaginava que saberiam de seu calvário de forma tão imediata: a notícia de sua prisão chegou à comunidade literária - mesmo autores alinhados com o regime, como Borges e Sábato, ficaram alarmados - e espalhou-se, a partir daí, para o exterior. O alemão Heinrich Böll, prêmio Nobel de literatura de 1973, escreveu uma carta ao governo argentino pedindo a libertação de Di Benedetto.
Durante meses, Di Benedetto e os demais presos políticos que não estavam associados com grupos subversivos estiveram incomunicáveis e isolados em um bloco do Pavilhão 9 de La Plata. Após algum tempo, puderam receber visitas e trocar correspondências, mesmo que ainda sem terem sido acusados formalmente de crime algum.
No exílio portenho, Di Benedetto escrevia constantemente - pediu que lhe enviassem livros, com as regras impostas pelo governo: nada de pornografia, política ou dedicatórias. Mas os colegas de cela não entendiam uma coisa - o que aconteceria naquela região distante para que o escritor mendocino não recebesse visitas?
O casamento de Di Benedetto havia acabado: sua mulher afastou-se logo após a prisão, ao receber os objetos pessoais dele enviados pelo jornal Los Andes, após sua “demissão", e encontrar as cartas que ele trocara com amantes durante anos. Ao mesmo tempo, Di Benedetto aguardava a chance de ser ouvido em juízo e a resposta à sua ata de interrogatório, onde afirmava não ter ligações subversivas; ou, ainda, ansiava também por alguma notícia a respeito da intercessão de intelectuais e escritores por ele. Como Don Diego de Zama, estava em uma infrutífera e longa expectativa, à espera de uma carta que pudesse tirá-lo de seu desterro forçado.
Ao ser libertado, 16 meses depois de sua prisão, Di Benedetto ainda não sabia do que havia sido acusado. Sozinho, desempregado, ficou em Buenos Aires até que pudesse ir para a Espanha, conforme havia requisitado ao governo durante o cárcere: era uma regra não-escrita da repressão, para os libertos. Agentes burocráticos deixavam claro que a liberdade era provisória, e recomendavam casualmente que o exílio em outro país poderia ser uma opção a se considerar. Di Benedetto fez o pedido, sabendo que já não havia motivo para voltar a Mendoza.
O exílio se estendia. Não havia mais como retornar, aparentemente. Era como se a situação do protagonista de seu romance de estreia fosse repetida com o próprio autor: cada vez mais longe de onde queria estar.
Ficou na Espanha até 1984, quando retornou à Argentina redemocratizada. Viveu precariamente no exílio - pouco se sabe do que fez ou produziu nesse período. Um jovem escritor chileno inspirou-se nele para um conto, da mesma forma que o colega de cárcere, Angel Bustelo. O conto Sensini, de Roberto Bolaño, narra o encontro de um jovem autor chileno com o argentino Luis Antonio Sensini. Ambos, para sobreviver, transitam de um pequeno concurso literário a outro, de um subemprego a outro para pagar contas, usando seu talento para as letras.
De volta a Buenos Aires, Di Benedetto ainda estava obcecado por entender como sua vida havia virado de cabeça para baixo, quase 10 anos antes. Tentou montar as peças do quebra-cabeças, de repartição pública a outra, de arquivo a outro, num labirinto kafkiano (o clichê aqui não é aleatório: Kafka era outro autor ao qual associavam seu nome, nas críticas elogiosas a seus livros). Em uma repartição militar, mostraram as cartas de escritores famosos e de gente do exterior pedindo sua libertação. “Não sabíamos que era tão famoso", disse um burocrata militar.
silêncio.
A verdade sobre sua prisão nunca chegou. Apesar de nunca ter havido uma acusação formal, Di Benedetto foi incluído na lista de "subversivos” do regime ditatorial argentino talvez por conta de ter feito algo que julgava ser o correto: cumprir seu trabalho da melhor forma possível.
Seu crime, segundo a nova ordem autoritária, era não ceder a pressões e não permitir que militares controlassem os meios de comunicação. Publicara, durante seus tempos de Los Andes, todas as informações que achava necessárias e importantes e denúncias sobre desaparecimentos e abusos de autoridade, antes mesmo do golpe. Isso o colocara na mira dos militares.
“Seu caso permite entender não apenas a necessidade de silenciar a imprensa, mas também a de colocar peões para controlá-la. Não era preciso ser militante político, bastava ser uma pessoa honesta, eticamente correta e com profundas convicções morais, como foi Di Benedetto, para ganhar o ódio dos militares”, afirma Pablo Salinas, advogado especializado em Direitos Humanos1, e que reabriu nos anos 2010 o caso dos crimes contra a humanidade perpetrados na cidade natal de Di Benedetto, na chamada “Megacausa de Mendoza".
O julgamento terminou em 2017, com a condenação de 34 agentes da ditadura à prisão perpétua, incluindo militares, policiais e 4 ex-juízes federais que foram instrumentais nos crimes cometidos durante os anos de ditadura.
Di Benedetto faleceu em 1986, após um AVC que o deixou por meses no hospital. Nunca voltou a Mendoza.
Foi o primeiro escritor a ser preso pelo novo regime ditatorial militar, em 24 de março de 1976; foi, também, o primeiro a ser libertado, em 26 de agosto de 1977.
Continuam desaparecidos 84 jornalistas que foram presos durante a ditadura, como Di Benedetto; outros 17 foram oficialmente reconhecidos como assassinados pelo governo militar.
Em entrevista, pouco antes de morrer, Di Benedetto afirmou "sei que houve traições no jornalismo, por sua covardia e seu silêncio diante da ditadura militar.” E encerrou: “Aqueles que me tiraram a liberdade serão punidos, não sei como. Nem que seja, pelo menos, no declínio de seu nome.”
Los amigos del barrio pueden desaparecer
Los cantores de radio pueden desaparecer
Los que están en los diarios pueden desaparecer
La persona que amas puede desaparecerLos que están en el aire pueden desaparecer en el aire
Los que están en la calle pueden desaparecer en la calle
Los amigos del barrio pueden desaparecer
Pero los dinosaurios van a desaparecerTrecho de Los Dinosaurios, música de Charly García, do álbum clics modernos, 1983
ainda.
Na Argentina, foram mais de 30.000 desaparecidos e assassinados no período de 1976 a 1983, na última ditadura militar. Com idas e vindas, muitos dos mandantes, artífices, executores e cúmplices foram julgados, condenados e presos, incluindo os generais das juntas militares - em particular, Jorge Videla, a face mais visível do fascismo criollo argentino.
Lá, pelo menos, os dinossauros começaram a desaparecer.
Em 31 de março de 2022, o Ministro da Defesa do Brasil, Walter Braga Netto, em seu último ato administrativo antes de ser exonerado para ser candidato à vice-presidência nas próximas eleições, assinou uma ordem do dia2 sobre a ditadura militar instalada no país em 1964:
“Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil, as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil. (…) Tudo isso pode ser comprovado pelos registros dos principais veículos de comunicação do período.
Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional. (…)
(…) Cinquenta e oito anos passados, cabe-nos reconhecer o papel desempenhado por civis e por militares, que nos deixaram um legado de paz, de liberdade e de democracia, valores estes inegociáveis, cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular."
Até hoje, apenas UMA pessoa foi condenada no Brasil por crimes cometidos durante a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985. 🤡💀
Nas últimas semanas, aumentou bastante o número de leitores de Locked Groove: já somos centenas aqui.
E isso tem muito a ver com meu irmão, Henrique, que indicou o Locked Groove para o jornalista Flavio Gomes - que, por sua vez, indicou no canal dele no Youtube (trechinho aqui para ver).
De repente, muita gente chegou por aqui, assinou…e espero que estejam curtindo.
Para o Henrique e o Flavio, só tenho uma coisa a dizer: Gracias totales!
(ah, e também agradeço a dica sobre o aeroporto de Tegel em Berlim, lá no meu texto de algum tempo atrás)
E já que estou fazendo merchan aqui, é só ir no link abaixo para assinar e apoiar, caso ainda não tenha feito isso. Toda semana tem um texto novo.
PARA SABER MAIS
Os principais livros de Antonio Di Benedetto foram publicados no Brasil, mas estão fora de catálogo. Talvez no Estante Virtual dê para encontrar.
Di Benedetto era grande fã de cinema e escreveu muito sobre isso nos jornais em que trabalhou. Cobriu os principais festivais de cinema do mundo e chegou a escrever roteiros. Mas demorou bastante para adaptarem suas obras: somente há poucos anos começaram a chegar aos cinemas. Aballay, de 2010, filme de Fernando Spiner e baseado em um conto de Di Benedetto, concorreu ao Oscar. Zama, de 2017, de Lucrecia Martel, adapta o livro mais conhecido do autor (esse volta e meia aparece no Mubi. Vale a pena).
A música de Charly García que citei acima é essa aqui. Mas o álbum todo, Clics Modernos, de 1983, vale bem a pena.