Locked Groove é o último sulco do vinil, quando a agulha para no final de um dos lados. Não tem tradução boa para o português - ranhura bloqueada é técnica e sem graça demais.
É aquele momento em que as conversas avançam enquanto o disco está rodando, sem música alguma. Ao mesmo tempo em que busca outro disco dentro da capa ou vai trocar o lado, você continua uma história, ou começa qualquer assunto que valha a pena: drinques, viagens, livros, música, o que for.O que fizer sentido na hora.
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intro.
Nas últimas semanas, talvez influenciado pelo vídeo de Residente, andei escrevendo sobre os anos de repressão na América Latina. E antes escrevi também sobre arte em tempos totalitários, com a história de Vasily Grossman e Larisa Sheptko, soviéticos nascidos na Ucrânia e perseguidos por conta dessa mania chata de fazer o que acreditavam ser o certo. Deve ter sido uma sequência brava de histórias pesadas, ainda mais nessa época desgraçada em que vivemos.
Locked Groove nunca foi sobre apenas um assunto específico - é, na verdade, sobre o que eu estiver pensando na hora, sobre qual for a obsessão atual. Um livro, um filme, uma música (ou várias); sobre assuntos sérios como política, questões geopolíticas, teoria do desenvolvimento, história, dildos; ou até mesmo sobre alguns assuntos mais leves, como viagens, restaurantes, drinques - como umas semanas atrás, em que escrevi sobre o Negroni. Basta a história ser boa, ter a capacidade de abrir todo um universo para quem não conhece o assunto ou para quem, como eu, conhece um pouco daquilo e se surpreende com o tanto que existe para se aprender. Muitas vezes, escolho um assunto para falar e vou reler algo que já li antes, ou vou pesquisar mais - e acabo descobrindo informações e correlações que eu jamais pensava que existissem.
Inadvertidamente acabei enveredando por temas muito próximos entre si nos últimos textos: opressão, injustiças, desaparecimentos, prisões arbitrárias. E, por isso, deve ter ficado muito pesado: histórias que se repetem, em diferentes contextos, mas com as mesmas paredes, as mesmas opressões. A mesma selvageria que se repete, como um padrão cinicamente criado.
So it goes.1
1.
Grossman, Sheptiko, Di Benedetto, Oesterheld - são apenas alguns dos nomes que foram perseguidos por conta de suas posições políticas ou, simplesmente, por não fazerem parte do grupo ‘certo’. A lista é imensa e há muito mais gente que eu poderia citar aqui. Mas é uma constante: todos de quem falei inserem-se num contexto de luta contra o autoritarismo.
Cada país tem suas clivagens - bonito termo que aprendi quando estudei Ciência Política, muito tempo atrás. São grandes linhas-guia que definem os conflitos que separam cada país em campos opostos. Um exemplo claro é o Peronismo na Argentina: desde os anos 1940, é a linha traçada no chão que tem movimentado a sociedade argentina nessas décadas turbulentas. É o que divide uma parte da sociedade a favor e outra, contra. Não é algo estanque: antes do Peronismo, havia outra clivagem - da mesma forma que, no Brasil, o antipetismo atual tem raízes mais profundas ou, ainda, como nos EUA, durante décadas, federalismo e as disputas do limite do poder dos Estados mascararam o racismo como a verdadeira linha de clivagem. Dificilmente essas linhas se deslocam radicalmente: é preciso uma grande redivisão estrutural de forças na sociedade para uma nova clivagem se estabelecer. Muitas vezes, é apenas um rearranjo conjuntural e a clivagem pouco se altera.
Só para constar: no Brasil, há uma corrente na ciência política que defende que a clivagem brasileira é entre os 'que estão dentro’ e os 'que estão fora'. Faz sentido. O antipetismo (ou anticomunismo, na perspectiva mais tacanha) pode ser o que define uma faceta dessa dualidade. Ao mesmo tempo, parece ser um ponto ainda mais profundo do que isso. Talvez a dualidade entre pobreza e riqueza seja a clivagem a definir o Brasil, a informar todas as lutas internas?
Grandes temas da América Latina parecem ser sempre os mesmos, não importa o ano, a década, o século. Talvez, por isso, a sensação de sempre se bater na mesma tecla. Talvez seja por isso que haja um esforço perceptível dos donos do poder, de tempos em tempos, de se jogar temas para o esquecimento, de se colocar, por decreto, um ponto final em determinado assunto. Abolição da escravatura é um óbvio exemplo; mas outro se sobressai também e tem muito a ver com o que tenho escrito aqui: as anistias que se outorgam a quem antes esteve no poder durante um regime de exceção.
E não tem essa de “a História irá julgar". Quantos vagabundos não escaparam desse julgamento? Hoje mesmo, enquanto escrevo, Newton Cruz morreu tranquilamente, aos 97 anos, sem sequer ter tido qualquer inconveniente em sua vida. Brilhante Ustra morreu de causas naturais. Major Curió continua por aí, pimpão, constantemente em reuniões com sigilo de 100 anos no Palácio do Planalto, recebendo lambidas do governo de plantão.
No Brasil, como já dizia Ivan Lessa, a cada 10 anos esquece-se tudo o que aconteceu nos últimos 10 anos. Tá aí a Anistia ampla, geral e irrestrita para nos lembrar para sempre do esquecimento.
Nenhum ditador brasileiro, de 1964 a 1985, teve qualquer complicação com a Justiça ou teve de responder por qualquer ação tomada durante seus governos. Apenas um agente da ditadura foi condenado por crimes cometidos durante o regime de exceção (exceção? Na verdade, é a norma. Exceção, nesses tristes trópicos, é a democracia). Ainda assim, levou somente uma pena de 6 meses de detenção e a proibição de trabalhar novamente na polícia por 2 anos. Ainda conto aqui essa história inacreditável do azarado Didi Pedalada, ex-jogador de futebol que, meio como uma motociata fascista na rodovia de saída de São Paulo em feriado prolongado, estava no lugar errado e na hora errada.
So it goes.
2.
Mas aqui não é panfleto do PSTU, memorando da Libelu ou discussão de Diretório Acadêmico. Não é lugar para discutir política, pode-se dizer - mas, ao mesmo tempo, não dá para dizer que não há política em tudo o que vemos, lemos, ouvimos.
Ei, você aí que gostava do Rage Against the Machine até eles começarem a pegar pesado na militância, não fica triste, não. Afinal, até mesmo o José Padilha fala de política em seus filmes, não é?
O quê? Não sabia também? 😬
Longe de esgotar o tema, que ainda vai voltar muito por aqui, pensei que deveria haver um fechamento para essa sequência de textos das últimas semanas; algo que pudesse expandir um pouco mais a perspectiva e trouxesse novas informações.
A arte tem um papel incômodo de nos lembrar constantemente do que querem que esqueçamos. Permite que tenhamos compreensão do que aconteceu e que aprendamos com experiências passadas. Isso é bem útil quando se trata de descobrir quem é seu inimigo. Por isso, pensei em falar aqui sobre alguns bons artefatos da luta contra o esquecimento proposital que tentam nos empurrar.
E, claro, também é uma forma de mandar um texto rápido e sem muitas firulas em uma semana de feriados. Jesus morreu pelos pecados de alguém, mas não os meus - mas, mesmo assim, também tenho direito a aproveitar o feriado prolongado desse final de semana.
Essa é a causa desse envio atrasado. Quem sabe o texto de hoje encontre seu público no domingo à noite ou na segunda pós-feriado. Pode ser uma boa para começar mais uma semana curta, com outro feriado, o de 21 de abril, vindo aí. Que, aliás, é uma data bem interessante para se falar sobre esquecimentos e apagamentos propositais - e sobre construções da realidade.
Mas vamos ao que interessa.
3.
Perramus
Juan Sasturain, Alberto Breccia, 1982
O gênio Alberto Breccia já havia criado com Oesterheld um livro contando a história revolucionária de Ernesto Che Guevara, o que colocou ambos na mira da ditadura argentina. O parça Breccia sabia muito bem o que isso significou: exilado na Espanha após ser ameaçado, participava de todos os esforços de intelectuais argentinos e do mundo todo para tentar descobrir o paradeiro de Oesterheld, desaparecido em 1977. Sem sucesso.
Uma pequena joia escondida do mundo das HQs, essa série de Breccia com o dramaturgo/poeta/jornalista Juan Sasturain é uma aula de política, história e consciência da América Latina em arte sequencial: conta a história de um país fictício da América Latina, sob o domínio autoritário de um grupo denominado apenas Os Marechais. O protagonista é um militante que se opõe ao governo e escapa de uma emboscada ao grupo do qual faz parte. Com stress pós-traumático pela aparente covardia ao abandonar os colegas, perde a memória e não se lembra de nada, nem de seu nome - apresenta-se como Perramus após ver a etiqueta de um casaco que está usando, esquecido por um marinheiro num prostíbulo (é uma marca de roupas que existe até hoje em Buenos Aires).
A história é rápida, fragmentada, vibrante, alegórica, expressionista - mas direto ao ponto na sua denúncia do autoritarismo. A premissa de um anti-herói que é, a princípio, covarde e traidor, é um bom ponto de partida para uma série que passeia entre militares sádicos, imperialistas, oligarcas escrotos; e, ainda, de cineastas “engajados politicamente” e que só vendem roteiros que nunca filmam, uma representação de uma elite intelectual medrosa e espectadora da própria exploração. Perramus, em essência, denuncia a labirítinca sina latinoamericana da exploração predatória e de como o esquecimento e o apagamento da memória é uma das armas dos donos do poder, nesse continente inteiro.
Foi grande influência para muita gente; para ficar em uma só, quem gosta de quadrinhos sabe que Breccia criou antes de todo mundo o estilo anárquico de pinturas+colagem+o que estiver dando sopa no estúdio, que Bill Sienkiewicz, Kent Williams e Dave McKean popularizaram nos EUA nos anos 1980-1990.
Aproveite que a Figura Editora publicou agora a obra integral, numa edição bem cuidada e que tem o nome de yours truly como um dos apoiadores durante a fase de arrecadação.
A Batalha do Chile
Patricio Guzmán, 1973-1979
O governo dos Marechais, em Perramus, era uma crítica não só aos genocidas militares argentinos como, também, ao longevo ditador chileno Pinochet. E o combate à ditadura chilena era uma constante do cinema de Patricio Guzmán, que ao contrário dos cineastas da HQ de Breccia e Sasturain, lutava muito para realizar seus filmes, a despeito de toda a perseguição que sofreu.
O Chile hoje em dia não lembra mais tanto o país deixado pelo criminoso fardado, apesar de ainda ser muito aquele que o jornalismo brasileiro das últimas décadas saudou por sua economia liberal, “estabilidade política” pós-ditadura e crescimento de Tigre Asiático (lembram dessa definição estilo RicardoAmorinesca para países que dobravam seu PIB a cada 5-10 anos?).
Um presidente jovem foi eleito, uma nova Constituição vem sendo escrita e muitas políticas adotadas nos anos de chumbo e mantidas na democracia têm sido discutidas e reavaliadas. Hoje mesmo, no bom Giro Latino, vi que Santiago se prepara para seu primeiro racionamento de água, após 13 anos de seca inclemente; e aprendi também que 80% da água do país se encontra em mãos particulares (grandes produtores rurais, mineradoras, vinícolas), fruto da política neoliberal dos Chicago Boys que dividiam o bandejão da UChicago com Paulo Guedes. Políticas públicas vêm sendo repensadas após uma onda avassaladora que começou nos protestos de 2019 e culminou na eleição de Gabriel Boric.
Esses protestos acenderam o sinal amarelo para aqueles analistas de política internacional isentões, mas que sempre mijam para o mesmo lado do muro.
“Ah lá a volta da convulsão social do governo Allende! Olha aí a repetição das greves e badernas de 1973!”, bradavam os mervais da análise política quando os manifestantes botavam para quebrar (em sentido figurado e, algumas vezes, literal) nas ruas chilenas.
O tijolaço na vitrine dos Chicagos Boys que é A Batalha do Chile, filme de mais de 5 horas de duração de Patrício Guzmán, ajuda a colocar em perspectiva essas frases eternamente repetidas e a falsa narrativa implementada sobre 1973. Mostra, de fato, a convulsão social no país de Allende, os supermecados saqueados, as batalhas campais nas praças, as apropriações de meios de produção - mas coloca o contexto correto dos locautes e da campanha incessante de industriais, grandes proprietários de terra e sócios do capital internacional contra o governo socialista de Allende. Tudo isso, claro, com a ajudinha do Grande Irmão do Norte.
O filme é didático ao mostrar como a sabotagem começou no instante seguinte à posse de Allende - democraticamente eleito dentro das regras de uma eleição com apenas um turno, com pouco mais de um terço dos votos válidos. Uma das democracias mais longevas da América Latina começou a ruir no exato instante que suas elites viraram as costas ao compromisso com o pacto democrático que, durante décadas, manteve a estabilidade e, de quebra, sempre elegeu presidentes alinhados com suas políticas. Pinochet, chefe do Estado-maior das Forças Armadas, tomou o poder em 11 de setembro de 1973 com base em uma resolução do parlamento, francamente opositor de Allende.
Guzmán precisou fugir do país e levou com eles as inúmeras horas de filme que havia feito até então; editou o filme em Cuba e ganhou prêmios em festivais pelo mundo todo. Evitou que ele mesmo e seu filme sumissem nos porões da ditadura pinochetista, como aconteceu com muitos outros. Salvou a memória do que aconteceu de fato, em contraponto à versão oficial que o pinochetismo criou e seus áulicos continuam a espalhar.
Não tem em streaming. É torcer para aparecer no Mubi ou no Belas Artes. Há algum tempo, passou de novo na Mostra de Cinema de São Paulo, e finalmente pude ver uma cópia no formato correto e com som decente, bem diferente da primeira vez, projetado a partir de uma cópia feita em janela errada, com cara de ter vindo direto de uma fita VHS e com o som que parecia transmitido por um rádio de pilha. Mas, caso queira reviver essa experiência, é só clicar aqui - só não fale que fui eu que dei a dica.
A Hora dos Fornos e Memórias do Saque
Fernando Solanas, 1969 e 2003
Cinema não é alvo de boçais como o atual presidente brasileiro e seus cúmplices à toa. Sempre foi uma das armas para denúncia e guerrilha cultural, por conta do seu imediatismo. Preserva a memória do que não se deve esquecer.
O velho 'Pino' Solanas sempre lutou o bom combate: desde seu longa de estreia, A Hora dos Fornos, Solanas deixa claro o quanto usa o cinema para explorar temas caros à América Latina - mas não fica apenas nisso. Solanas faz um chamamento à ação.
“Todo espectador es un cobarde o un traidor”
- cartaz que Solanas e seu co-diretor, Octavio Getino, mostram ao fim da estreia de A Hora dos Fornos no festival internacional de Pesaro, Itália.
Solanas e Getino faziam o circuito dos grandes festivais de documentários e cinema pelo mundo, mostrando seu filme - já sabiam que seria proibido na Argentina natal, então em plena ditadura Onganía (menos cruel do que a posterior, de 1976). Mostravam seu filme incessantemente para garantir que não desaparecesse na burocracia autoritária e como forma de garantir um salvo-conduto a eles mesmos. Deu certo: o filme ficou famoso no mundo todo e, ao retornarem à Argentina, sindicatos, escolas, organizações de bairro e militantes isolados trataram de criar um circuito alternativo para exibição. A Hora dos Fornos era mostrado em locais improvisados, até mesmo em praças públicas. O chamamento à ação foi amplificado de uma forma que sequer os realizadores haviam imaginado.
O mesmo circuito improvisado serviu para manter vivas outras obras perseguidas - como Operação Massacre, de Jorge Cédron e roteiro de Rodolfo Walsh, baseado em seu próprio livro, e Los Traidores, de Raymondo Gleyzer - seja por governos militares ou por governos tidos como democráticos, como o de Isabela Perón, mas que a essa altura já era tomado pela extrema-direita.
O próprio filme havia sido realizado com táticas de guerrilha: publicitário prodígio nas agências de Buenos Aires, Solanas rodou e editou A Hora dos Fornos clandestinamente e em total sigilo, aproveitando-se das horas vagas nos estúdios e de equipamentos que usava no seu trabalho oficial. Virou método: todos os seus filmes posteriores, que sabia que seriam sempre alvo de perseguição e censura, continuaram a trilhar o caminho alternativo e a fazer barulho no mainstream. Fez clandestinamente uma entrevista com Péron, então no exílio espanhol, que ajudou a impulsionar a campanha por sua volta.
Empirulitou-se da Argentina logo após o golpe de 1976, ao escapar milagrosamente de um sequestro por um comando da ESMA.
Aqui você pode ver o filme completo. Normalmente, eu não compartilharia uma pirataria assim tão explícita; mas aposto que o velho Pino não iria ligar - quanto mais gente vir esse filme, melhor. Não pode cair no esquecimento.
No exílio, continuou filmando e militando contra o autoritarismo. Memórias do Saque é de outra época: já estabelecido como grande nome do cinema argentino, Solanas não precisou recorrer ao seu método de guerrilha para realizar o filme. Mesmo assim, é um feito: realizado entre os anos 2001 e 2002, na aguda crise econômica que resultou no Corralito e em convulsão social inédita, Memórias do Saque é uma denúncia da farra neoliberal do governo Menem, que destruiu o que restava da economia argentina e lançou o país em uma decadência ainda maior. As décadas que separam os dois filmes não diminuíram a acidez crítica de Solanas: é como se juntasse duas pontas da denúncia do saque que as elites predatórias e seus jagunços militares realizam na Argentina e, ao fim e ao cabo, em toda a América Latina. Uma memória que Solanas não deixa que seja esquecida ou perdoada.
O esquecimento não é inocente; nunca é.
Juan Sasturain, Perramus, 1982
citado de Billy Pilgrim, no livro Slaughterhouse Five, de Kurt Vonnegut, 1969. Boa dica de leitura, é fácil um dos 5 melhores livros que se passam na Segunda Guerra Mundial, mas não trata só desse período. A citação é difícil de explicar e vale a pena ler o livro para entender o contexto. Mas, grosso modo, pode-se dizer que é uma referência fatalista: meio ‘é a vida', ou algo do tipo; sei lá, algo como ‘se não tem remédio, remediado está'.
O título do texto dessa semana tirei de um filme cubano de 1968, dirigido por Tomás Gutierrez Alea. Não falo dele aqui, mas quero escrever no futuro: um dos grandes filmes latino-americanos do século XX e que trata de temas parecidos. Usei muitas fontes para escrever o texto dessa semana: entre eles, o site do ministério da Cultura da Argentina, o Museo de la Memoria e outros. Infelizmente, os filmes que citei não estão disponíveis comercialmente e Perramus só foi publicado de maneira decente no Brasil em 2021. Ou seja, o apagamento existe, de fato, sejam quais forem as razões.